28.7.12

A burca do Ocidente


Por Ana Santos
Estou lendo O livreiro de Cabul e assim como outros títulos que falam sobre a vida afegã, fico fascinada e igualmente chocada com as diferenças culturais, de sobremaneira o uso da burca.
No Afeganistão, a burca começou a ser usada pelas mulheres de um rei. Diz a história que elas eram tão formosas e bem tratadas, que o rei temia que acabassem enfeitiçando outros homens. Por ciúmes, ele passou a comprar os mais belos e caros tecidos para preservar os encantos de suas esposas. O islamismo trata o véu como uma forma de guardar a beleza dos cabelos de uma mulher somente para seu marido. Para uma mulher como eu, nascida e criada segundo os valores ocidentais, entender tais práticas exige muito esforço. Nós ocidentais, consideramos o uso obrigatório da burca, ou véu, uma agressão, mas em tais culturas são meios usados para resguardar as mulheres.
No Ocidente a burca é usada de maneira errada. Sim, nós usamos burca no Ocidente! Enquanto no Oriente escondem os encantos de uma mulher, aqui escondem o que somos de verdade! Encobrimos atitudes que seriam reprovadas por uma sociedade que aplaude o que é falso. Uma mulher bem resolvida, que não tenha medo de expressar opiniões ou falar de assuntos inicialmente masculinos, assusta grande parte dos homens. Por conta disso, algumas aceitam esconder quem são em burcas invisíveis, usadas apenas para evitar o confronto com aqueles estão a sua volta. Esta sociedade hipócrita subjuga um povo, mas censura relacionamentos em que a mulher é mais velha, ou mais bem sucedida do que o homem. Rotulou de terrorista todo homem que tenha a barba com um punho de comprimento, mas exige uma mulher débil, sem expressão ou ideia divergente da sua. Aceitamos o conceito em que a mulher deve parecer eternamente indefesa, pura, jovem e bonita, enquanto o homem deve ser um semideus: forte, másculo e desprovido de sentimentos.
Não estou defendendo o feminismo, pois ele assim como o machismo, é idiota. Eu defendo que nenhum homem sinta-se intimidado por uma mulher com opinião forte, e que nenhuma mulher sinta-se desvalorizada porque não casou aos 30. Defendo que tenhamos liberdade para mostrar o que somos, homens ou mulheres, em nossa essência: fracos, fortes, heróis, covardes, espontâneos, extrovertidos, impulsivos, recatados...
Sempre iremos nos deparar com situações/pessoas que nos imponham uma "burca" para esconder o que na verdade somos, pensamos, desejamos. Em nome de convenções sociais acabamos por aceitar tal imposição. Sendo assim, a burca que a mulher afegã usa sob a desculpa de protegê-la é, em minha opinião, mais digna do que a que o Ocidente me obriga a usar, pois a burca de tecido esconde o rosto, enquanto a que me obriga a ser alguém diferente do sou, tenta moldar a todo custo o meu caráter. 
 

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