29.2.12

O marketing de “Jesus-Cola”, um produto tipo gospel

 
Por Danilo Fernandes

Quem vende o "evangelho", vende o que não tem para entregar.

Fora das “aspas”, proclama-se loucura! Loucura aos olhos humanos.

  quase dez anos atrás, quando por um tempo fiquei sem igreja para congregar, ouvi do pastor de uma igreja que visitei:

- Bom ter um cara como você aqui, que faz marketing para grandes empresas (Coca-Cola inclusive, risos). Vais dar muitos frutos para a nossa igreja. 

Eu perguntei:

- Como? Por conta da experiência com marketing?

- Sim, claro!, respondeu o pastor.

- Meu irmão amado, respondi, o que eu achei não se vende, apenas se proclama e se espera pela ação de Espirito de Deus. Se eu fosse contratado para fazer o marketing plan de um “produto” assim, eu nem começava. Pensa comigo: O produto é loucura aos olhos do comprador, a entrega do principal é post mortem. Os clientes potenciais estão todos cegos, surdos e seus corações estão duros (Ef 2.1; 4.18; Cl 2.13). Ainda que pudessem escolher o "nosso" produto, não o fazem, a sua vontade não é livre, há barreiras de entrada neste mercado que somente o Espirito de Deus pode quebrar. O público-alvo é escravo, por força de um contrato leonino hereditário com o pecado e as suas escolhas são viciadas pelo relacionamento com outro “fornecedor” (Rm 7.19,20; 8.5-8; 8.12,13). Ademais, meu irmão, O preço do produto é impagável: Santo Sangue de Jesus. 

 - Como seremos pagos pela venda deste "produto?", perguntei e, sem resposta, respondi eu mesmo:


- Somente um "banco" financia este produto: A Graça de Deus S/A e a liberação deste crédito não pode ser feita por agentes comissionados! E olha que muitos tentam! Apenas Um libera o benefício e seus critérios parecem privilegiar o imerecimento creditício! Como explicar isto no pitch de vendas, meu irmão?

E continuei:

- Se eu pretender a honestidade, se o Amor fizer morada em mim, não proclamarei outro Evangelho que não seja a Boa-Nova acerca do Reino e, sendo assim,  não há alternativa possível se não me ater a Verdade. Nesta condição, que estratégia de marketing alternativa eu poderia oferecer? 

Silêncio.

- Veja se não é assim: o Preço não se mexe, quem ousa perde tudo. Propaganda, só para loucos, surdos, cegos e ainda promovendo que estes vendam tudo o que tem por uma única perola preciosa. Sim, “produto”: Pérola preciosa vista apenas por poucos e entregue na eternidade. Entre os “P's” do Marketing, sobra-nos o “Placement” (ou distribuição). Podemos abrir pontos de entrega - lojas, por assim dizer, e esperar que loucos, cegos e mortos nos encontrem. Apresentamos o produto, com muito temor. Lembrando sempre do preço que seria cobrado por nossa leviandade nesta hora crucial - uma Ira maior do que todos os PROCONS e a falência irremediável, que nenhum advogado humano poderia evitar. Para assim, esperar em Deus, o único responsável tanto pelo querer como pelo realizar, regenere os "clientes e suas vontades" levando-os a salvação (At.16.14; Fp 2.12.13; Ef 1.3-6). Ou faz assim, ou muda o produto!

- O pior é que andam mudando!

Danilo Fernandes é Bacharel em Economia pela UFRJ, Mestre pela COPPEAD UFRJ e MBA em Marketing pela Louisiana State University e, como pode ser percebido na sua retórica mercadológica, participa da escola Kotleriana, mas a submete ao Pai de todos os P's (de todo alfabeto e do universo!), e é muito influenciado pela hermêutica calvinista.

Este artigo foi originalmente publicado em 2009.

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